domingo, 21 de abril de 2013

Os Longos Tentáculos do Polvo


Houve tempos em que os partidos políticos arranjavam colocação para os seus “rapazes” nos ministérios, em cargos próximos dos gabinetes de gente importante, ao nível do Ministro ou do Secretário de Estado. Mais tarde começaram a nomear gente para cargos menores, criaram-se assessores mesmo nas Direções Regionais e no mesmo abaixo disso, em órgãos de utilidade mais que duvidosa de âmbito sub-regional. Mas agora este “polvo” lança já os seus tentáculos até ao ponto de controlar a gestão das “escolinhas de província”, como é o caso do novo Agrupamento de Escolas de Odemira. É animal insaciável, não há dúvida, e qualquer dia, até para se ser porteiro é preciso mostrar a cor partidária ou qualquer outra fidelidade.
De facto, muito embora exista uma proposta de comissão instaladora do novo agrupamento nascida das direções anteriores (e que reúne o acordo geral da comunidade e que inclusivamente recebeu o apoio unânime da Assembleia de Escola), a Delegação Regional de Évora nomeou para dirigir a Comissão Instaladora do novo agrupamento uma pessoa sem qualquer experiência e cujo perfil é tudo menos consensual. Troca-se uma direção competente e com muitas provas dadas, por uma outra sem qualquer preparação para o cargo. Só por milagre não vai correr mal, e só por esse mesmo milagre o dinheiro dos nossos impostos não será malbaratado. A reforma da administração pública de que tanto se fala deve ser feita pela busca da competência, e não apenas por despedimentos indiscriminados.
Ora, alguém deveria explicar aos nossos dirigentes intermédios, e mesmo aos dirigentes de topo que nos governam, que isto da democracia não é bem um processo em que a comunidade elege de quatro em quatro anos alguém para a tiranizar. A democracia é muito mais que um processo eleitoral. É também uma forma de relação da administração com a sociedade civil, em que existe respeito mútuo. Mas parece que essa parte da democracia entre nós ficou na gaveta.
Como sabemos que frequentemente o dirigente máximo de um organismo, embora seja responsável por todo o aparelho, desconhece as trapalhices que os quadros intermédios vão fazendo, relato esta situação, esperando que o Ministro corrija o que deve ser corrigido. E ficamos à espera. Se a administração central nada fizer em relação a este e a muitos outros casos tiraremos as nossas conclusões.
E já agora quero ver a cara de algumas pessoas daqui a um ano, quando a normalidade democrática for reposta...

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