O ENSINO SECUNDÁRIO DO FUTURO
Tem-me acontecido tantas vezes, que já é quase banal: proponho algo que me parece lógico e interessante; a ideia que proponho é recusada pela generalidade das pessoas; passados anos, essa mesma ideia passa a ser aceite, e por vezes acaba mesmo por ser aplaudida pelos que antes a repudiaram. Só que entretanto muito tempo passou...
Imagine-se que em vez de o Ensino Secundário ter um currículo rígido, com disciplinas obrigatórias, tinha uma organização mais livre, em que o aluno poderia fazer o seu próprio percurso de estudos entre o leque de disciplinas disponível. Cada disciplina corresponderia a um certo número de créditos, e o aluno teria o Ensino Secundário completo quando somasse o número de créditos pré-determinado. Tão simples,não é?
Teria a vantagem de deixar de haver alunos "encravados" numa qualquer disciplina "obrigatória": imagine-se um aluno de "Artes Visuais" que é brilhante nas disciplinas específicas do seu curso, mas que "empancou" com a Filosofia. No modelo actual simplesmente nunca acabará o curso enquanto não fizer a disciplina em falta. No Ensino Secundário por créditos, que me parece mais ajustado à nossa realidade e mais lógico, o aluno simplesmente substituiria a disciplina em fala por uma outra, provavelmente até mais útil para a sua formação, mais motivadora, e logicamente mais propiciadora do sucesso. Evidentemente que isto reduziria o insucesso, reduziria as repetências, reduziria os custos que o estado tem com a educação...
Em vez de aumentar o número de alunos por turma para poupar, degradando a qualidade da educação, o estado (se nele existisse inteligência e real capacidade crítica) deveria aproveitar a crise para reformar inteligentemente a Escola. Notem bem: o governo que precisamos é o que conseguir fazer melhor com menos dinheiro, não o que para gastar menos, faz pior.
Também me custa pensar que, sendo esta solução tão evidentemente simples, lógica e eficaz, só venha a ser implementada daqui a muitos anos. Às vezes parece-me que os vinte ou trinta anos de atraso que temos em relação a outros países da Europa, resultam sobretudo desse atraso dos nossos governantes!
Seria tão simples... e lógico!
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