529 EGÍPCIOS CONDENADOS À MORTE POR SEREM OPOSITORES AO
REGIME MILITAR
Assim a democracia é uma batota.
Quer se goste, quer não a “Irmandade Muçulmana” ganhou as
eleições no Egito. Os militares apoiados pelo ocidente não gostaram, e tomaram
o poder. Desde que o exército derrubou Mohamed Mursi (o presidente
democraticamente eleito), no dia 3 de julho, 1400 de seus partidários morreram
pela repressão e outros milhares foram detidos. Agora são CONDENADOS À MORTE 529
militantes da “Irmandade Muçulmana” enquanto outras centenas esperam julgamento.
O que é interessante aqui é verificar como a comunicação
social está ao serviço de interesses inconfessáveis. A mesma comunicação social
que monta campanhas diárias contra o governo legitimamente eleito na Ucrânia,
na Venezuela ou na Síria, deixa passar quase em silêncio total as brutais
violações aos direitos humanos que acontecem no Egipto. Não se estranha, porque
tem sido esse o rumo da nossa imprensa, rádio e tv. Já com o golpe de estado
que os militares argelinos deram após a vitória da FIS na Argélia aconteceu o
mesmo silêncio encobridor dos atropelos à legalidade e aos direitos humanos.
Onde estão os paladinos da liberdade e da democracia, que
não se insurgem contra o regime militar egípcio? Onde está o bloqueio económico
que é usado em outros casos? Já congelaram as contas bancárias dos generais
golpistas? Já ameaçaram com ataques militares? Nada! A democracia para os
nossos políticos só é sagrada quando lhes é favorável. Caso contrário já não
tem qualquer importância. É uma vergonha.
Mas tudo isto vai passando despercebido entre os golos do
Ronaldo e os desfiles de moda. Querem fazer de nós parvos, e infelizmente até
vão conseguindo. De certa maneira o tempo da censura era bem melhor: as
notícias eram censuradas, só se dizia o que o estado deixava, mas isso
sabia-se. Agora não. Agora somos levados a pensar que a informação que nos
chega é isenta, imparcial e verdadeira, mas é tudo menos isso.
A democracia assim é uma batata, ou melhor, é uma valente
batota.