sábado, 30 de novembro de 2013

O DECORAR E O MARRAR

Dizem os dicionários que o verbo “decorar” provém de “de+cor+ar”, sendo este “cor” proveniente do termo latino “cor” que significa “coração”. É certamente mais um caso de uma etimologia errada e tola, pois está bem de ver que a ideia de “coração” tem pouca relação com o “saber de memória”. Por isso, penso que será muito mais provável que a origem da nossa palavra “decorar” esteja em “qr’ ”, já que “qr’” [qorô] significa em fenício “recitar”, e recitar é precisamente dizer de memória. É evidente que essa ideia de “recitar” pode facilmente estar na origem do nosso “dizer de cor”, e consequentemente do verbo “decorar”.
Ao contrário daquilo que se afirma geralmente, a palavra “marrar” não terá certamente relação alguma com “marra”, que significa “sacho” em latim. Pode antes ter uma relação com “mrh” [marrâ] que significa em fenício “ser teimoso, obstinado” e que se ajusta bem a um certo sentido em que utilizamos o termo “marrar” no sentido de “estudar muito” (por exemplo, estudar obstinadamente. De resto, quando se diz por exemplo “ele marrou para ali”, no sentido de “teimar”, este “marrar” é “ser teimoso, ser obstinado”, e provém certamente do “mrh”. O mesmo acontece quando se utiliza a palavra “marrar” no sentido de “estudar”, que é um ato de teimosia.

Por isso, quer estejas a “marrar”, quês saibas a lição “de cor”, estás a fazê-lo em fenício e não latim.


Onde anda o teu dinheiro?

Eu, para quem não saiba, nasci em Benfica. Era um bairro de moradias com quintal simpático que, entre outras características tinha a de possuir um pequeno terreno baldio onde eu e os outros da minha idade vivíamos aventuras infindáveis. Pois um belo dia, lá pelos anos 80, o governo mandou ocupar o dito terreno e construir nele um edifício enorme que supostamente deveria ser uma unidade de saúde (mental?).

Antes de umas eleições chegaram os figurões dos partidos, carros pretos, fatos pretos, seguranças de óculos escuros, com tv e jornais atrás, e fizeram a inauguração daquilo que nem sequer estava acabado... e que nunca chegou a ser acabado. A obra custou muitos milhões, milhões tirados do teu trabalho, tirado dos impostos que te obrigam a pagar. E nunca chegou a ser acabada...
Anos depois era um antro de marginais e quartel general de ratazanas, e então pensou-se que era melhor ser demolido...

E se o pensaram, melhor o fizeram. E tu, que já tinhas pago a construção, pagaste agora a demolição...

E tudo voltou ao que era antes: um baldio. 
Espero que ainda haja crianças que queiram viver ali as suas aventuras de polícias e ladrões, sonhando talvez com um mundo com menos bandidos. 
Por mim, ainda não me cansei de sonhar com um país em que os políticos sejam realmente representantes do seu povo, que se sintam orgulhosos disso, e que tudo façam para o dignificar e elevar, procurando na política servir a comunidade e não servir-se da comunidade.
Por esta e outras coisas, ficam-me algumas dúvidas. Não há jornalistas que peguem nesta e em outras histórias como esta? Estarão proibidos de "pôr o dedo na ferida?" E ainda me fica uma outra: Não há responsabilidades pela gestão ruinosa a que os políticos têm conduzido este país?
Responda quem souber